quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Multiplas Escolhas

(...)
A obrigação de nos enquadrarmos num modelo aflige e frustra a grande maioria de nós. Poucos conseguem ser originais: calçamos o mesmo tênis, vestimos roupa de um mesmo tamanho, usamos o mesmo cabelo, sorrimos com os mesmos dentes, temos o mesmo ar desanimado ou delirante – porque nos drogamos seja como for para agüentar.
E se nossa cabeça for um pouco mais alta, nosso corpo mais pesado, nosso desejo fugir à regra, se formos negros ou amarelos ou brancos, gordos ou magros demais, seremos quase inevitavelmente apontados: preconceito é o nome dessa perseguição.
Religiões continuam ensinando que ser homossexual é doença ou anormalidade; usar camisinha é pecado, e evitar filho é pecado também.
Nossa atitude em relação a certos preconceitos é contraproducente, como no preconceito racial. Leis que favorecem determinadas raças, por exemplo, estimulam ainda mais a diferença, o que na minha opinião ocorre com cotas especiais para afrodescendentes em escolas e universidades. Por que criar cotas para estudantes negros nas universidades, e não para japoneses ou árabes?
Culpabilizar uma raça e vitimizar a outra não ajuda a ninguém: promover o ódio racial, assim como palavras irracionais podem promover ódio de classes. E se a idéia for baseada em dívida e suposta culpa, temos dívidas também com os colonizadores brancos, poloneses, italianos, alemães, chamados para cultivar nossas terras...
O preconceito moral por sua vez age às avessas: há talvez vinte, trinta anos, as meninas precocemente sexualizadas eram consideradas indecentes, pais pediam às filhas que se afastassem delas. Hoje jovenzinhos e quase criança sofrem uma tremenda pressão para se envolverem com atividades sexuais ou que beiram isso. Meninos e sobretudo meninas até onze, doze anos, que não tenham tido nenhuma experiência mais íntima, como beijar na boca, são considerados atrasados e sem graça por parte da sua turma.
Nas festas, mulheres parecendo todas sem idade, mesma roupa, mesmo sorriso, mesma postura diante do fotógrafo, homens espreitando desconfiados esses protótipos feitos e dispostos em série: mesma medida, mesmo cabelo, mesmo sorriso artificial e mesmo olhar ansioso: estou linda, sou desejável?
Quando somos muito jovens a pressão do grupo social é mais forte do que a família. Mais tarde continua intensa, pois queremos ser adultos bem-sucedidos, admirados, quem sabe invejados. Difícil descobrir e construir uma personalidade própria, com autonomia possível que será completada no curso da vida, com independência financeira, escolhas pessoais e profissionais, e amadurecimento.

Lya Luft (Livro: Múltiplas escolhas)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O que achamos sobre o Voto de Protesto...

Presidente do TSE diz que voto em Tiririca não é de protesto


Humorista se elege deputado com mais de 1,3 milhão de votos

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski, disse neste domingo (3) que os mais de um 1,3 milhão de votos recebidos pelo candidato Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR), não devem ser encarados com “voto de protesto”. Para ele, trata-se de uma “manifestação transitória” de parte da população, natural na fase de “amadurecimento da democracia”.

- Nós achamos que esse votos são votos que devem ser encarados como uma forma de manifestação da vontade popular transitória. Se compararmos esses votos com a grande maioria dos votos, da massa dos candidatos que têm propostas concretas, me parece que é um fenômeno que não se deve dar um peso muito grande. São ocorrências naturais nessa fase de amadurecimento da democracia brasileira.
Estreante na política, o candidato a deputado federal pelo PR obteve 1.350.438 votos, o maior número já obtido desde a eleição do candidato Enéas Carneiro (Prona), morto em 2007, que em 2002 recebeu 1,571 milhão de votos.
Com 99,87% dos votos apurados em São Paulo para deputado federal, o humorista pode ser o deputado federal com mais votos em todo o país.
Recorde histórico
O recorde em números absolutos é do falecido deputado federal Enéas Carneiro. Com o resultado expressivo, o então candidato levou para Brasília outros cinco correligionários de menor da votação.
O mesmo deve ocorrer com Tiririca nessas eleições. Por causa do sistema de eleições proporcionais, os votos dos eleitores para deputados federal e estadual são do partido, e não do candidato.
O humorista votou no início desta manhã no bairro da Aclimação, zona sul de São Paulo, e causou tumulto no local.


E o que achamos sobre tudo isso...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pertenço a um país


Com as eleições chegando, achei necessário postar uma crônica que vi na internet e que diz transparentemente como é que somos como patriotas do país que vivemos...


(...) Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos...E para eles mesmos.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu"puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura e não há consciência nem memória política, histórica, nem econômica. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar.
Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre.
Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã ter passado para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique.
Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada...
O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a "ESPERTEZA“ é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar.
Nascidos aqui, não em outra parte...Entristeço-me.
Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda...
Nós não temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não se poderá fazer nada..
Está muito claro... Somos nós os que temos que mudar!
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e
que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. 
Autor Desconhecido. 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Não é muito fácil entender o diverso, mas é muito importante o nosso interesse e a nossa dedicação diária...


Gostaria de Parabenizar as minhas colegas: Ednamar, Alana, Ju F e Ju R, Aclecia, Paizinha, Juju, Irina, Carliane e Michele pelo nosso trabalho de ontem sobre a Homoafetividade, tivemos pouco tempo, muitas discursões, e que bom que chegamos a um denominador comum, que bom que nos entendemos... Por isso que é muito importante sermos diversos e pensarmos diferente, uma equipe de 10 pessoas não é fácil, mas valeu muito a experiência!!!!!!!!!!!! Até a próxima...

BJS... Marília.

O olhar da psicologia sobre a diversidade humana

Define-se o ser humano como sendo um ser complexo dotado de bastantes capacidades, contudo e apesar de sermos “idênticos” em muitos aspectos, em muitos mais somos distintos pois existe no ser humano uma diversidade a nível biológico, cultural e individual.O ser humano é também diferente no que se relaciona com o seu cérebro. Os nossos cérebros são fisicamente diferentes uns dos outros, no entanto o processo de individualização ultrapassa as definições genéticas, porque as experiências vividas pelos indivíduos desde as intra-uterinas como ao longo da sua vida marcam as estruturas do cérebro, fornecendo assim a singularidade. Podemos também dizer que somos dotados de uma diversidade cultural, sem a cultura, sem as possibilidades de desenvolvimento que nos proporciona crescer num contexto cultural particular, seríamos seres incompletos, inacabados. Nascemos, crescemos e vivemos em contextos socioculturais muito variados.

Etnia

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Muitos povos, culturas diversas...

Para outras conversas

A formação histórica brasileira é marcada pela atuação de muitos povos, culturalmente muito diversos.

Somos um povo que se vê como pertencente a uma nação e a um Estado, é verdade. Entretanto, há uma vasta pluralidade cultural entre nós, que se expressa, por exemplo, nas diferenças entre os modos de viver do Norte e do Sul, do litoral e do Centro-Oeste, entre os grupos originários de outros continentes, entre as populações rurais e urbanas, entre os jovens e os adultos, entre os meios letrados e as manifestações da tradição oral.

Existe entre nós uma riqueza de experiências humanas que constitui um dos maiores patrimônios nacionais. Entretanto, o predomínio da discriminação, as imensas desigualdades sociais, políticas e econômicas, os preconceitos e a intolerância reduzem muito as possibilidades dessa pluralidade se manifestar.

Por isso criar condições para a afirmação da pluralidade que marca nossa formação cultural é a melhor maneira de compartilhar esse acervo de experiências humanas, esse patrimônio cultural existente no Brasil. Assim podemos encontrar respostas inesperadas aos limites e às potencialidades do presente e abrir novos caminhos para o nosso futuro.


Texto original: Maurício Érnica
Edição: Equipe EducaRede